A Região Demarcada do Douro, com uma área aproximada de 250 000 ha, contempla uma enorme diversidade de características, que se distinguem à medida que se percorre o rio.
Desde as condições climáticas à orografia, bem como a elevada biodiversidade que encerra, a região do maior rio da Península Ibérica, que serpenteia entre vales e constitui um recurso indispensável para as populações e respetivas práticas agrícolas, é sem dúvida de beleza inigualável (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, 2018).
Esta região apresenta três sub-regiões:
O Douro Superior, com cerca de 110 000 ha, abrangido pelos concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, é um território marcado pelo clima quente e seco, em que as principais culturas são a vinha, o olival e o amendoal;
O Cima Corgo, com 95 000 ha, engloba os concelhos de Alijó, Murça, Sabrosa, S. João da Pesqueira, Tabuaço e Carrazeda de Ansiães, compreendendo os distritos de Bragança, Vila Real e Viseu;
O Baixo Corgo, que abrange os concelhos de Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Peso da Régua, Armamar e Lamego, com uma área de 45 000 ha, dos quais 13 560 ha correspondem a vinha (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, 2018).
Esta sub-região está sob influência direta da Serra do Marão, apresentando um clima mais ameno e chuvoso, e, consequentemente, um solo mais fértil (Carlos, 2015). Integrado na sub-região do Douro, o Vale do Douro, paisagem cultural e património mundial da UNESCO, constitui a região vitícola demarcada e regulamentada mais antiga do mundo (Aguiar, 2002). Insere-se na região biogeográfica Mediterrânica, Superprovíncia Mediterrânica Ibero-Atlântica, Província Carpetano-Ibérico Leonesa, Sector Lusitano-Duriense, Superdistrito Duriense, marcada por um clima com forte influência oceânica e atlântica, identificando-se um andar mesomediterrânico de ombroclima húmido a sub-húmido (Costa et al., 1998).
Caracterizado pelos vales encaixados percorridos pelo Rio Douro e seus afluentes, dos quais destacamos o rio Varosa, este local apresenta habitats essencialmente moldados pela mão do homem, que, juntamente com o elemento água, definem a paisagem encontrada. O Vale do Douro situa-se numa área fitogeográfica meso mediterrânica, devido à sua geografia encaixada na bacia hidrográfica. A vegetação natural foi substituída pela cultura da vinha restando alguns mortórios (vinhas abandonadas), importantes
indícios da vegetação climatófila ou xerófila primitiva, onde surgem elementos típicos da flora mediterrânica e predominam as quercineas perenifólias como o sobreiro (Quercus suber) e a azinheira (Quercus rotundifolia) mas também com destaque para o medronheiro (Arbutus unedo), o loureiro (Laurus nobilis), a gilbardeira (Ruscus aculeatus), o carvalho-português (Quercus faginea) e o lentisco (Phillyrea angustifolia) (Tapada, 2012). Importante salientar também a presença na flora duriense de alguns endemismos, espécies exclusivas da região, tais como o falso-trevo-de-quatro-folhas (Marsilea quadrifolia), espécie vegetal da família dos fetos, com estatuto de conservação crítico (ICNF, 2018e).
Relativamente à fauna, com exceção do lobo e do corço, típicos de habitats mais montanhosos, podemos observar-se, por exemplo, a raposa (Vulpes vulpes), o gaio (Garrulus glandarius), a cobra-de-água-viperina (Natrix maura), a osga-comum (Tarentola mauritanica), a rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), a salamandra lusitânica (Chioglossa lusitanica), sardão (Timon lepidus), tritão-de-ventre-laranja (Lissotriton boscai), víbora-cornuda (Vipera latastei) e a geneta (Genetta genetta) com preferência por áreas de cobertura vegetal densa, bosques fechados e zonas rochosas, geralmente próximos de linhas de água. Também associados aos habitats ripícolas encontram-se a lontra (Lutra lutra), o guarda-rios (Alcedo atthis) e a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), o falcão-peregrino (Falco peregrinus), ou ainda a águia-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus) e o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus).
Um Caminho único e Milenar que o vai transportar para outros tempos.
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